Em agosto de 2012, o Patrulheiro Oceânico de Vigilância de Zona Econômica Exclusiva (POVZEE) venezuelano, PC-22 Warao, colidiu contra um recife de coral nas imediações do porto de Fortaleza, Brasil.
Andrei Serbin Pont *
Construído pela Navantia da Espanha, o navio é um dos desenhos mais novos do estaleiro e o mais moderno da Armada Bolivariana da Venezuela. O barco tinha apenas um ano de serviço quando sofreu a colisão em 03 de agosto de 2012. Várias fontes assinalaram a gravidade do acidente e a quase perda total da embarcação (possibilidade de 80%). O Warao esteve em sério risco de afundar, o que não aconteceu porque, logo a seguir ao recife de coral, existia um banco de areia no qual o navio encalhou, o que evitou seu afundamento.
Os meses posteriores foram seguidos por um silêncio absoluto por parte do governo venezuelano, havendo notícias exclusivamente por parte das autoridades portuárias no Brasil, e os comentários “off the record” do pessoal da Armada Bolivariana. A Navantia teve a oportunidade de examinar o navio e estimar os danos, e se ofereceu para trasladar o mesmo para a Venezuela ou para a Espanha, a fim de realizar os reparos.
Surpreendentemente o navio foi transferido não para a Espanha ou para a Venezuela, mas para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), onde foi decidido realizar os reparos, já que ofereceu a solução mais rápida para garantir o retorno à operatividade da embarcação. O governo venezuelano aceitou a proposta brasileira e, em março de 2013, o Warao chegou no Rio de Janeiro transportado por uma doca flutuante de bandeira holandesa .
O relevante de que o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro tenha assumido os reparos é que, devido a gravidade dos danos, foi exigida a transferência dos planos completos, em formato digital, do Warao. Apesar da insatisfação espanhola com a transferência desta informação, a Venezuela concordou e realizou a entrega do material. O envio dos documentos digitalizados permite fabricar todas as cavernas e o chapeamento de fundo do navio e a isto se somam todos os planos da instalação elétrica e dos diagramas de sistema, assim como todos os dados de outros sistemas do navio, incluídos os desenvolvidos pela Thales. Estes dados não são irrelevantes e normalmente esse tipo de conhecimento se transfere por meio de contratos de transferência de tecnologia com elevados custos para o receptor. Mas, neste caso, é o oposto. O Brasil não só não pagará pela transferência desta tecnologia, mas será pago para receber a mesma e realizar os reparos no navio venezuelano.
Outro fato que não deve ser ignorado é que no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro está localizado o Centro de Projetos de Navios, responsável pelo desenho das futuras embarcações da Marinha do Brasil que realizarão funções similares ao POVZEE. A disponibilidade de todas as informações pertinentes ao POVZEE permite, ao estaleiro brasileiro, copiar elementos do design espanhol para inclusão em seus futuros desenvolvimentos. Hoje, o estaleiro está na fase de projeto inicial da classe CV03 Tamandaré, pelo que não nos surpreenderíamos se, em um futuro não muito distante, vermos a incorporação na Marinha do Brasil de uma nova classe de corvetas com amplas semelhanças à POVZEE venezuelana, desenhada pela Navantia. Assim, o que tem sido um problema para a Armada Bolivariana da Venezuela e uma possível perda de vendas pela Navantia, se converte numa oportunidade de ouro para Marinha do Brasil e para a indústria naval brasileira.
* Analista internacional especializado em política externa, defesa , segurança e direitos humanos.
Fonte: sur1810.com
Tradução e Adaptação: Defesa Aérea & Naval
Toda tecnologia, atualizada, de outros países que entrarmos em contato deve ser estudada e até replicada, se for o caso. Tai o MAR-1 e outros. Acesso a plano de navio, não acredito que a NAVANTIA seja tão ingênua.. Por que ela daria estes planos? Só pra nós reformarmos um único navio de um cliente insolvente?
E a lei de Gerson ainda impera…
Uma nova classe de corvetas com esse desenho não teria lá tanto sentido diante dos trabalhos já desenvolvidos com a Barroso… O caminho natural seria uma evolução do desenho da corveta brasileira.
Evidente que se pode aproveitar algum parâmetro dessa experiência ( independente de quem a realize no Brasil ), mas sou de opinião que qualquer trabalho deva ter por base o que já foi previamente desenvolvido no Brasil. E isso significa partir da atual Barroso… No meu entender, economizar-se-ia tempo e dinheiro…
Aliás, creio que o Brasil hoje tem sim plenas condições de levar a cabo a construção de qualquer escolta que deseje, até pelo menos as 5000 toneladas.
verdade…
Bacana essa informação .porem ainda precisa ser confirmada …. . mas parece q ha sim uma forte aproximação entre a MB e a Navantia da Espanha …. vamos ver o q o futuro nos reserva quanto a essa possível parceria ….quem sabe umas ”’F-100” e ”Juan Carlos I ” ….além do q …..essa ”POVZEE” se enquadra perfeitamente numa possível oferta de NPaOc … apesar da Classe ‘Amazonas’.. e ate da ”Barrozo MOD” .. quem sabe
Crispim, vou copiar aqui um comentário que fiz em outro sítio, um fórum de debate de assuntos de defesa:
“A MB comprou o projeto das Amazonas.
Notícias davam conta de que o casco das Inhaúma poderiam ser utilizados como OPV.
Não acredito em “cópia” de um terceiro projeto.
Vejo uma grande vantagem em conhecer profundamente um navio de guerra de outra marinha, seus pontos fracos e fortes, suas fortalezas e vulnerabilidades.
Isto sim, conhecimento, vale ouro.”
Caso esse fato seja concreto, que oficialmente jamais será adimitido! Essa realmente é uma ótima oportunidade pra evoluir na nossa cosntrução de navios de guerra e não adiante alguem vim aquir falar em falta de carater, desonestidade ou coisa do tipo, pois, nessa área nada é tão cordial, honesto e ético, isso depende de acordos e de muito capital! O mundo amigos, pasmem os iludidos, ele é um ambiente ostil e competitivo!!!
A meu ver, deve-se ter muito cuidado com esse tipo de afirmação, ele o autor da matéria, não informar de onde partiu essa informação (Fontes Oficiais), tipo Marinha da Venezuela, Oficiais de alto comando etc. A ECOVIX – ENGEVIX CONSTRUÇÕES OCEÂNICAS S/A presta serviços de engenharia consultiva e gerenciamento de obras nas áreas de infraestrutura, indústria naval e offshore. É de conhecimento de todos que recentemente a A Marinha do Brasil anunciou a assinatura de um contrato com a Navantia, para fornecer o sistema de controle do motor de propulsão de uma Corveta da classe Inhaúma.
Engraçado como cada um pensa diferente do outro, eu acho lamentável todo mundo comemorar o fato de colocarmos as mãos nos arquivos secretos do navio de outro país, no intuito de se aproveitar dos anos de pesquisa e investimentos alheio, em benefício próprio, de graça, sem pagar um tostão furado ao proprietário intelectual. Acho uma falta de caráter e moral incomensurável, simplesmente abominável, acho que não precisamos disso, o Brasil é um país que pode desenvolver qualquer coisa com seus próprios meios, sem passar ninguém para trás ou surrupiar dados confidenciais, senão que moral teremos para falar da espionagem da NSA? Será que gostaríamos que fizessem o mesmo com a Petrobrás ou Embraer? Para mim é a odiosa Lei do Gerson que o brasileiro insiste em fazer questão. Lamentável alguém classificar essa ignomínia como “Uma oportunidade de ouro”, para mim trata-se de uma oportunidade de ouro para bandidos, pilantras e oportunistas.
Louvável seu posicionamento, mas a análise da questão moral, sob o viés do Estado é bem diferente daquela do cidadão comum. E não se trata de um desvio de caráter do brasileiro. Desde tempos imemoriais até o recente caso envolvendo a NSA, há espionagem entre diferentes povos. As relações internacionais seguem uma lógica própria, e aquele Estado que relegar informação (venha de onde vier e como vier) que lhes possam prover a própria segurança ou lhe dê vantagem comercial, econômica, política ou militar está fadado a ficar a mercê de outras nações. Acredite, não há espaço para inocentes no jogo político internacional.
Concordo plenamente, muito feliz a sua colocação!!! Abraço.
Bem dito, Wendel, em questão de defesa não existe bons e ruins, não é questão de caráter, mas oportunidades de adquirir conhecimentos que ninguém passa. Os EUA “roubaram” milhões de idéias Alemãs inclusive o pai de grande parte delas o próprio Von Braun, A China copia modelos Russos e roubaram informações importantes do programa F-35 , a URSS roubaram informações ultra-secretas da bomba atômica, nesses quesitos de defesa quem dá uma de moralista e acima do bem e do mal, só se dá mal e vê sua indústria bélica se defasando e os vizinhos se fortalecendo. É oportunidade sim, se é de ouro são outros quinhentos, mas como diria Sun Tzu na “Arte da Guerra””Os líderes brilhantes e os bons generais que consigam ter bons espiões vão ter muitos êxitos”…
Esse cara não deve estar falando sério, e se estiver, sofre de Síndrome de Asperger, é cada um, patético.
Excelente, vamos fabricar diferentes navios e vamos exportá-los. Com certeza isso despertará o interesse da Argentina que tem a frota envelhecida.
Um presentinho de Netuno é isso que foi!!!
Se o arsenal for questionado, os caras tem a desculpa perfeita, reparar o navio da venezuela , se vão adiquirir a expertise dos espanhois já é outra historia….
Quem escreveu essa materia não conhece nada sobre o ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JNEIRO, em primeiro lugar o arsenal de marinha não está envolvido nos trabalhos de reparo do navio venezuelano, quem está fazendo esse serviço e um estaleiro privado do Rio Grande do Sul chamado ENGEVIX, portanto o arsenal de marinha não tem acesso a nenhum documento referente a construção do navio comforme foi imformado na materia acima, o navio apenas está atracado no cais do arsenal de marinha só isso, a mão de obra inclusive e fornecida pelos estaleiros privados espanhol e nacional ENGEVIX O arsenal de marinha nem sequer chega perto desse navio da venezuela.
em segndo lugar o CPN (centro de projetos de navios) não tem capacidade técnica de desenvolver o projeto estrutural de um navio sozinho e preciso estabelecer parcerias com empresas privadas inclusive estrangiras para executar o projeto desse navio, inclusive e o que está sendo feiro agora no projeto da corveta 03.
Acredito que tenha alguma imprecisão nesse comentário, não?
http://www.infodefensa.com/latam/2013/08/11/noticia-emgepron-de-brasil-repara-al-patrullero-oceanico-warao-pc-22-de-la-armada-de-venezuela.html
https://fbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn2/t1/1511572_252012014973336_1797389828_n.jpg
Tal material pode ser de grande apoio no projeto. Realmente uma oportunidade de ouro…
Ótima oportunidade com certeza a marinha ira aproveitar essa oportunidade de ouro!!